domingo, março 26, 2006

Templo Zi Xiao

E cheguei de facto ao sitio certo: Wudang Taoist Kungfu Academy.


Encontrei um decrépito edificio a precisar de obras urgentes com inflitrações, maus cheiros, corredores sujos, alcatifas poeirentas e quarto frios. Encontrei 30 estudantes chineses cuja única ocupação na vida é o kung-fu, liderados por Mestres que não devem ter mais de 25 anos. Encontrei 6 rapazes ocidentais que vieram para aqui aprender artes marciais durante 3 meses ou mais, que aceitam estas condições básicas em troca de um treino que ainda não caiu totalmente no comercialismo das outras escolas que aceitam estudantes estrangeiros.

Da janela do meu quarto observo os aprendizes chineses, dos 6 aos 20 anos de idade, de cabelo comprido preso num carrapito no alto da cabeça. Treinam o uso de armas antigas, espadas, punhais, lanças, treinam murros, pontapés, saltos... Parecem feitos de borracha, têm molas nos pés, movem-se com uma graciosidade que faz tudo parecer tao fácil.


Exibiçao dos estudantes chineses no Templo Zi Xiao, próximo da escola.


Os ocidentais estão à parte. Aprendem Tai’Chi, Chi’Gung, Kung Fu. Não parece haver demasiada organização nem o professor é muito autoritário. Fala um inglês básico.

Apesar de não ter desgostado do ambiente decidi não ficar, para quem fica menos de um mês o preço é demasido elevado. Vou para Shaolin ver o que encontro por lá, não sem antes exigir uma festa ao rapazes!

Não se fizeram rogados e compraram uma grande de cerveja chinesa por 3 euros que bebemos em poucas horas. Acabei a fazer análises psicológicas de todos os presentes, só eu! Nem sei bem como encontrei o meu quarto! Fico sempre surpreendida com a minha capacidade de chegar a casa, tirar as lentes de contacto, deitar-me como se nada fosse e não me lembrar de nada no dia seguinte! :P


Javi: sente-se mais confortável aqui do que em Espanha pelo que cultiva um certo ar chinês na barba e no cabelo que está a deixar crescer...

sábado, março 25, 2006

Tianzhu Peak

No pico mais alto das montanhas de Wudang, a 1.612 metros de altura ergue-se o Hall Dourado, templo taoista onde uma pequena comunidade de monges vive e, esperava eu, ensina Tai’Chi. O texto do Lonely Planet parece indicar que não será dificil encontrar aulas: “you can expect to meet eager foreign students on personal pilgrimages”. Sendo assim, faço-me à montanha de mochila às costas já a contar ficar por lá, mas as coisas podiam ter corrido melhor...

Para começar o tempo de viagem: 1h de minibus, 3h na fila de espera do teleférico...


Lá em cima encontro um quarto mais pequeno do que uma cabina de comboio, que dividirei com 4 simpáticas chinesas. Pelos varios niveis do templo há centenas de turistas chineses, barulhentos e desarrumados que deixam um rasto de cascas de amendoim e embalagens de sopas de fitas instantaneas por onde passam. Não era o que esperava... Afasto-me da multidão e é de longe que vejo os únicos ocidentais que “encontrei”, impossível alcança-los.




Depois do pôr-do-sol instala-se um frio húmido em todo o templo. Janto e deito-me cedo depois de comer umas sementes duras que as minhas companheiras de deram, continuo sem saber o que seriam.

Pelo menos as idas à casa-de-banho tornam-se um pouco mais suportaveis na gélida manhã: nunca tinha visto nada assim, uma sala fétida, com um pequeno muro de 1 metro de altura que separa a entrada da zona “privada” onde existe um canal profundo, totalmente aberto que parece não ser limpo há semanas. Ontem o cheiro tinha uma consistência tal que parecia uma entidade física, como uma besta que me esmurra a cara e o estômago todos os segundos que permaneço nesta sala. Hoje o frio acalmou a besta mas a experiência continua no limite do suportavél.

Há três portas que dão accesso ao topo do templo: a Porta do Povo é um arco sempre aberto, a Porta dos Principes de madeira e metal só é aberta aquando da visita de um membro da familia real, e esta, a Porta das Almas Penadas, feita em pedra não se pode abrir e impede assim a entrada de maus espíritos.

De madrugada as multidões ainda não chegaram e aproveito a calma para visitar o templo. Um dos monges, sem dizer palavra, tira-me a máquina da mão e empurra-me para poses fotogénicas:



Depois de passear por todos os cantos e perceber que ali não há ninguém que fale inglês, gesticulo à menina do “abrigo” que procuro aulas de Tai’Chi, acabo por ter de imitar o Bruce Lee para me fazer entender, mas consigo um papel com 3 caracteres chineses!

Mais uma vez não sei para onde vou, nem como lá chegarei mas confio que é o sitio certo!

sexta-feira, março 24, 2006

A aventura do Multibanco

6 horas para levantar dinheiro? Só na China...

Cheguei à pequena aldeia de Wudang no sopé de uma montanha santa taoista com 10€ no bolso... contei mal o dinheiro, confundi umas notas com outras e percebi ao chegar no único comboio que pára ali a cada dia que não tenho um tusto!

Começo a procurar um multibanco pela rua principal sem sorte nenhuma. Nos 3 bancos existentes apenas 2 têm ATM e em nenhum funcionam cartões estrangeiros... De mochila às costas, cheia de calor e a suar em pica, entro no Bank of China e gesticulo o que preciso. Escrevem 3 caracteres num papel e apontam “Bus!”. Não sei para onde me mandam mas terei de confiar, nesta semana já me habituei a muitas vezes não saber bem onde estou nem para onde vou, a confiar na bondade de estranhos.

No autocarro mostro o papel e sento-me. A cobradora sorri-me entre cada frase ininteligivel que grita para fora da janela, está a tentar conseguir mais passageiros, percebo que nos dirigimos a Xiangfan, cidade que nem vem no Lonely Planet.

Fazemo-nos à estrada. Pelo caminho a despachada cobradora recebe da tarifa de todos, discute preços com uns e outros, grita “Xiangfan!” pela janela, empurra novos passageiros e todos os seus pertences para dentro da camioneta em movimento, e sorri-me, sorri-me sempre.

Vou cada vez mais apertada contra a janela aberta que me salva do cheiro acre que começa a ganhar consistencia à minha volta. Os meus companheiros de viagem são camponeses, gente da terra que com este frio não se preocupa com a higiene pessoal, com as mãos escuras e gretadas do frio, a cara enrrugada pelo clima agreste.

Depois de uma 1h30 chegamos e mais uma vez, de mochila às costas procuro um banco. Sou olhada com curiosidade mas ninguém se aproxima de mim.

Ao fim de meia hora, estafada, encontro um Bank of China e tento gesticular o que quero, mostro o cartão, aponto para a palavra Visa, digo “english, please! No chinese...” Mas só consigo que me falem cada vez mais alto... Frustada, estou prestes a desistir, mas é quase hora de fecho dos bancos, é 6ª feira... não posso passar o fim de semana com 10€! Nisto, a pequena chinesa que me falava (também ela já desesperada) agarra-me pelo pulso e arrasta-me pela rua enquanto eu só consigo agradecer repetidamente “Xie Xie! Xie Xie!”

Deixa-me noutro banco onde alguém escreveu um papel em inglês que dizia algo como: “No Visa here. Take bus number 5 and go to the Bank of China near the Hotel...(já não me lembro)”

Salva!!!

Peço para me escreverem o nome do hotel em chinês e parto em busca do autocarro.
Quando finalmente cheguei ao bendito multibanco levantei o máximo de dinheiro que pude de todos os meus cartões. Um exagero, mas num aperto deste não me quero ver outra vez!

Antes de conseguir voltar para a montanha ainda houve tempo para uma aula de inglês improvisada: uma turma de adolescentes e a sua professora de inglês rodearam-me na paragem do autocarro. À senhora vontade não lhe faltava mas os alunos eram um pouco timidos e respondiam-me com pouco mais de monossilabos. Senti-me surpreendente-me confortavel diante dos olhos curiosos destes jovens estudantes. Terei alma de professora?

terça-feira, março 21, 2006

A cor cinza

Mais uma manhã cinzenta... O primeiro dia da Primavera e não se vê uma flor... as árvores continuam despidas, a relva ainda queimada do frio. Também os prédio são cinzentos, não encontro aqui a profusão de cores da nossa Lisboa nem sequer a alegria do vermelho e dourado dos templos budistas... tudo me parece meio dormente, meio morto...

Na Universidade de Wu Han encontro o dormitório para estudantes estrangeiros mas ninguém está muito interessado em conversar... Tenho a sensação de que estou numa dimensão alternativa, silenciosa, só...

Caminho durante horas pelas largas avenidas à procura de algo que me devolva algum significado, algum objectivo a este caminho... Sinto-me perdida no meio da China, no meio do Mundo, no meio da Vida.

É emersa neste estado de alma cinzento e um pouco triste que inesperadamente volto a ver a luz e me apercebo que à coincidencias que não o são, há momentos em que basta abrir o coração, estar atento e a vida encarrega-se de nos dar algo mais, mais uma peça do puzzle.

No único canal internacional que tenho no quarto (TV5 Monde) vejo uma pequena reportagem sobre Jean Claude Guillbaud. Fico de lágrimas nos olhos, paralisada a olhar o ecrán, tal é a sensação de “encontrei o que estava à procura”.

No seu livro “La Force de Conviction”, Guillebaud integra toda a sua experiência de jornalista de guerra, viajante e editor de um jornal heterógeno onde escreviam desde antropólogos a matemáticos, e conclui que “Acreditar é escolher” e que “Acredita no Universo, sem dogmas”.

Sem nos dar-mos conta, todos escolhemos em que acreditar: na economia, na familia, em Deus, em nós mesmos... Em cada cultura que visitei cada uma destas crenças têm mais ou menos força, o equilibrio entre todas torna cada cultura única, mas a base é sempre a mesma. E aquilo em que acreditamos define a nossa vida, as nossas prioridades.

Por vezes não sei bem em que acredito... será em dinheiro, trabalho? Em espiritualidade, saúde? Nos amigos, na familia? Quais são as minhas prioridades? Como me defino? Em que escolho acreditar?

Procuro nas estradas do mundo estas respostas, porque um dia um amigo disse-me que só quando caminhamos pelas estradas do mundo começamos a caminhar dentro do nosso coraçao.

Escrevo este texto já em Portugal, baseado no meu diário, mas com acontecimentos e escolhas em mente que não posso esquecer. Continuo sem respostas finais, acho que acredito na mudança constante. E entretanto, já encomendei o livro, mais uma luz para o meu caminho.

segunda-feira, março 20, 2006

Yangshuo

A 65 km de Gui Lin fica Yangshuo, centro de backpackers por excelencia.

Nota-se que ainda é época baixa, há pouca gente nas ruas, as lojas e restaurantes vazios... Não encontro ninguém para conversar por isso vou cedo para casa, afinal ontem dormi numa camioneta e apetece-me uma cama confortável.

No dia seguinte alugo uma bicicleta para explorar as redondezas. O nevoeiro persiste... Comparo o que vejo com os postais que as velhotas desdentadas me tentam impingir e percebo porque é que nesta época não está cá ninguém, não se vê nada!


No alto de Moon Hill (que franja é esta?!)

Ao chegar a Moon Hill subo a colina com o Alex, um escocês engraçado que viaja na China há 4 meses.


Tudo pela fotografia perfeita!

No ultimo bocado da subida os meus ténis transformam-se em patins de lama e claro, acabo no chão. Mãos, rabo e cabelos encrustados em lama cor de barro. É duro ser turista! ;)


Patins de lama


E por este caminho com os ténis naquele estado... acabei no chao... :P

Gui Lin

Ás 7h da manhã acordei em Gui Lin, no estado de Guangxi (adoro camionetas de noite, não perco tempo em viagens e poupo no hotel).

O nevoeiro que me persegue desde o norte do Vietname não dá ares de estar de partida... está um dia frio, cinzento e húmido... Perco a vontade de ficar por aqui, cada vez mais me apetece seguir para as montanhas e viver num mosteiro a aprender Tai’Chi com um monge careca que me trate por gafanhoto durante o resto do tempo que tenho na China.

Mas um pouco de nevoeiro não me vai fazer desistir de ser turista por mais uns dias: entro na primeira agência de viagens que encontro e contrato um dia de turismo intensivo por 3 euros, i.e., uma camioneta que me levará a todas as atracções turisticas de Gui Lin.



Subida para o Beauty Peak no Pálacio Wang Chen


Ao chegar à camioneta, parece que serei eu e a guia (que não fala inglês, surpresa!) todo o dia, mas estava enganada, depois da primeira paragem junto-me a um grupo que tinha saido um pouco mais cedo. Só chineses (claro!) e todos me olham como se eu fosse uma atracção de circo. Tentam falar comigo mas ninguém fala inglês e eu ainda nem aprendi a dizer Portugal em Chinês... tento apontar para o livro de frases mas fico sem ele rápidamente, roubado para ser admirado por todos os presentes que 5 minutos depois o descartam como inutil... desisto...

Aceleramos pela cidade até ao Mausoleu da Sister Liu, o que será isto?

Espectaculo no Parque da Sister Liu


Uma especie de parque animado comemorativo das tribos das montanhas onde tudo prima pela artificialidade. As roupas dos actores (que pelas feições percebo não têem pisca de sangue das étnias que representam), as cerimónias imitadas, as músicas cantadas para dentro de megafones... Na verdade, achei o espaço um pouco deprimente mas os meus companheiros parecem contentes. E, enquanto os esperava perto da camioneta descobri uma das melhores ofertas chinesas: batata doce assada! Feita num pequeno forno parecido com aquele usado em Lisboa para as castanhas assadas no outono, estas batatas desfazem-se na boca de tão boas e bem cozinhadas!

Seguimos para o almoço, esta sim a experiência cultural do dia! Sentamo-nos todos numa mesa redonda com uma plataforma rotativa ao meio. Os homens servem chá uns aos outros deixando as senhoras para o fim, depois vem um licor transparente com 53% de alcool, bebida que nem nos é oferecida (ainda bem!). Enchemos umas pequenas tigelas de arroz branco e tudo o resto é partilhado por todos directamente na travessa. Não há nada vegetariano, até o tofu vem com carne de porco... e claro, os ossos vão parar à mesa ou ao chão. Afinal é verdade, eles cospem mesmo para cima da mesa... Entre uma coisa e outra não almoço grande coisa...

A visita continua pela tarde, mais uns palacios, uma gruta. Na verdade não fiquei impressionada, mas talvez seja do cansaço.


Uma gruta ou um cenário de um concerto de rock?

domingo, março 19, 2006

Estou na China!

Deixei Macau na manhã de domingo. Acordámos com tempo para um belo pequeno-almoco a jeito de despedida e segui para a fronteira.

O moderno edificio estava a abarrotar de pessoas, a maioria chineses que, imagino, vêem passar o dia, fazer compras, jogar no casino, etc.

As indicações começam logo aqui a estar maioritáriamente em chinês. Com tantos caracteres juntos começo logo a ficar confusa “Nem a casa-de-banho vou conseguir encontrar neste pais!”

Já na “Mailand”, termo utilizado pela maioria de jornais e guias em lingua inglesa para se referir à China, excepto Hong Kong e Macau, demoro um bom bocado a encontrar a camioneta para Guangzhou (Cantão), entre o espanto e a confusão de encontrar um Centro Comercial literalmente do outro lado da rua da fronteira, cheio de gente, com muito poucas indicações legiveis, e a inutilidade das instruccões que me deram em Macau.

Na camioneta a hospeira, sim porque na Asia as camionetas têm hospedeira, não fala uma palavra de inglês... “Estou lix....”

Em Guangzhou, estudo o mapa no Lonely Planet (bendito livro!) ao detalhe, tentando comparar os caracteres dos nomes da ruas com os que vejo à minha volta sem resultados muito positivos... acabo por apanhar um taxi para a outra estacao de camionetas onde, com a ajuda de um policia muito sorridente compro um bilhete para Gui Lin.

Às 20h estou a caminho da jóia turistica chinesa!

sábado, março 18, 2006

Uma bica e um Pastel de Nata se faz favor!


Macau

Cidade do Nome de Deus. Não há outra mais leal.

Depois de 6 meses "na estrada", chegar a Macau foi... como voltar a casa mas na Ásia!

A influencia portuguesa salta à vista nos nomes das ruas, nos letreiros em português (ainda que com o ocasional erro de ortografia), no empedrado dos passeios, nos menus dos restaurantes, nos pasteis de nata!



As ruinas de S.Paulo impressionaram-me mais do que esperava.

Dediquei-me mais uma vez a passear pelas ruas, à gastronomia ocidental e a ser preguiçosa aproveitando o conforto da casa da Joana. :)

E claro, se ate agora se contavam pelos dedos de uma mão os portugueses que encontrei na Ásia, aqui ouço falar a língua mãe a cada virar de esquina mas infelizmente apenas por portugueses agora expatriados, os juristas e engenheiros que cá ficaram ou que vieram depois de 1999 em busca de novas oportunidades. Os chineses esses falam o seu cantonês incompreensível e ignoram a nossa presença...

Apenas nos correios me falam em português! Nem posso acreditar! :D

Tive sorte e na sexta-feira havia concerto da Ala dos Namorados nos jardins do Museu de Macau. A comunidade portuguesa em peso estava la a aproveitar a rara ocasião.

Sou feliz a cantarolar "solta-se o beijo o gato mia" e "os loucos de Lisboa"

Depois seguimos para um restaurante tailandês fantástico onde encontramos as mesmas pessoas que estavam no concerto. No bar Fishermans também...
Isto é como viver na província! Falta de anonimato total, não dá para dar um passo sem ver ou ser visto. :)


É Macau, mas podia ser Viseu!

Adorei estes 4 dias de viver em português na China!
Obrigada Joana pela hospitalidade. :)

segunda-feira, março 13, 2006

HK

De Saigão a Hong Kong, 2 horas de avião, um mundo inteiro de diferenças.

Ao sair do avião em Hong Kong a sensação de que cheguei a outro mundo é imediata. Não posso estar no mesmo planeta... o chão alcatifado, as passadeiras rolantes, a arquitectura moderna, a publicidade, as lojas, as fardas das meninas que atendem clientes bem vestidos, de sapatos brilhantes e malas de marca verdadeiras. O brilho inexplicável de tudo, o brilho de ser novo, bem cuidado, em oposição ao baço poeirento do Vietname...

No posto de informação uma menina extremamente simpática enche-me de panfletos brilhantes, escritos num inglês perfeito. Não me tenta vender nada, só está ali para ajudar.

Desço uma rampa e encontro um hall comercial alto e luminoso, limpo, espaçoso. Uma livraria, uma tabacaria, uma loja de conveniencia, um MacDonalds, um KFC... Cabines telefónicas novas. Multibancos impecáveis.

Ao comprar o bilhete de autocarro começo a sentir na pele (ou na carteira) o reverso da medalha... a partir daqui resolvo nem pensar no preço que pagaria pelo serviço equivalente num dos países em vias de desenvolvimento que deixo para trás. Estou outra vez no primeiro mundo, a prosperidade económica tem um preço (e não se paga só com dinheiro mas vou deixar essa parte para outro dia).

O autocarro deixa-me em Nanthan Street, no coração da zona turística. Procuro uma guesthouse num edifício chamado Mirador Mansions.

De mansão isto não tem nada! É um arranha-céus decrepito, a rebentar pelas costuras de pequenas oficinas, costureiras e alfaiates, escritórios de PMEs, lojinhas de souvenires, restaurantes, pensões de boa e não tão boa reputação... há de tudo! Se não viesse recomendada nem por sombras entrava aqui. Mas já sabia ao que vinha por isso escada acima, elevador abaixo la encontro a Orchid Guesthouse e um quarto a dividir com uma simpática inglesa.

Mirador Mansions

Dediquei os dois dias que estive em Hong Kong a passear tranquila pelas ruas (sem os vendedores, taxistas e buzinas a perseguir-me quase me sinto sozinha!), visitar museus e exposições de arte contemporânea, beber lattes no Pacific Coffee ao som de Dulce Pontes (Sim!) com a Time, The Economist e Newsweek diante para me ajudar a voltar ao "mundo real".

Enchi-me de comida "ocidental", saladas, bolos e queijo!

E segui para Macau já quase habituada a estar de volta à "civilização".


Pode ser civilizado, mas ainda estou na Asia!

domingo, março 12, 2006

Chá com Mel


Continuando a sugerir receitas simples...

Chá Preto
Uma tangerina pequena como um berlinde
Mel q.b.

Juntar o chá e o mel numa chávena, espremer o sumo da tangerina directamente la para dentro.

Doce e saudável, a bebida do Delta do Mekong!

sexta-feira, março 10, 2006

Mekong Delta

3 dias no Delta do Mekong. Uma viagem pela cultural vietnamita.

O Mekong é um dos rios mais poderosos e longos do mundo. As suas traiçoeiras aguas, castanhas de lama, em constante movimento, passam por 5 paises: China, Laos, Tailandia, Cambodia e Vietname. Em grandes extensoes, ele é a fronteira que os divide. Em muitos momentos da historia, o seu controlo foi fulcral.

Depois de ter estado ao lado deste grandioso rio varias vezes ao longo das minhas viagens pelo sudeste asiático sem nunca o ter navegado decidi dedicar 3 dias à descoberta do Delta do Mekong.

Apesar de muito do tempo ter estado dedicado a transporte de um lado para o outro em estradas poluídas e caóticas (mais uma vez me arrependo das viagens em grupo... já devia ter aprendido a lição não é?!), descobri a importancia económica, estratégica, histórica e cultural do Mekong para os Vietnamitas.



Pensava que estes chapéus em bico ja só existiam no imaginario romântico do Vietname, mas não, são usados por muitas mulheres, tanto na cidade como no campo.
Antigamente nas águas do Mekong não eram cobrados impostos, assim começaram os mercados flutuantes. Aqui, os agricultores que vivem nas margens do Mekong vendem os seus produtos a grossistas que os revenderao a outros vendedores em terra, agora mais por tradição do que por vantagens económicas.
Pendurados em mastros, cada produtor coloca um exemplar do que tem para vender, publicitando assim à distancia os seus produtos.
Para abastecer os sequiosos comerciantes, também há restaurantes e cafés flutuantes.
80% do arroz produzido no Vietname é produzido nestas planícies.
Esta é uma região rica em industrias tradicionais. Papel de arroz, incenso, peixe, etc, etc


Oh pra mim! :)


Doce de Banana


Nem sempre a dieta pode falar mais alto.

Receita:

Banana
Arroz Peganhento (tipo de arroz com mais amido, cozido fica peganhento)
Leite de Coco Cozido
Folha de bananeira

Enrola-se a banana (descascada) numa camada de arroz.
Cobre-se com a folha de bananeira.
Assa-se na brasa até o arroz parecer tostado.
Retira-se a folha de bananeira e corta-se a banana em bocados.
Serve-se coberto com o Leite de Coco.

Hummm! É pecado!



quinta-feira, março 09, 2006

Cores do Vietnam






















quarta-feira, março 08, 2006

33 horas de Comboio

1.760 km separam as cidades de Hanoi e Saigão.

Devido a um erro estratégico de má programação e previsão geográfica (!!!) tenho percorrer esses mesmos 1.760 km na direcção inversa à que percorri nas passadas 2 semanas e meia: o avião que me levará a Hong Kong parte de HCMC... bolas! ainda ontem estava ao lado da fronteira com a China...

Mas, como não quero pagar para não apanhar um avião, e como viajante experiente que já começo a ser, a ideia não me assusta. Pelo contrario, será uma boa oportunidade para ler (Behind the Red Mist - Ha Anh Thai), organizar o diário e conhecer vietnamitas genuínos, sem duvida bem diferentes dos taxistas chatos, vendedores, donos de hotéis rasca, etc, etc, etc, com que lido 90% do tempo.

A experiência não podia ter sido melhor!

Apesar do seu inglês menos do que rudimentar, os meus 5 companheiros de compartimento fizeram-me sentir sempre benvinda.

Dividiram a sua comida comigo, asseguraram que as minhas refeições eram vegetarianas, não me deixaram pagar nenhum dos chás que bebi com eles e ainda me ensinaram um jogo de cartas local!



A Sra. Lao e a sua filha, vêm a HCMC ao medico.


A Huien vem viver com a avo. Quer ser medica e ir aos EUA, e agora que me conheceu também quer ir a Portugal!

Para acabar a viagem em beleza ainda aprendo que em vietnamita Portugal diz-se Bo Dao Nha!
Claro que ninguém me percebia quando dizia com mil pronuncias diferentes a palavra Portugal... :P

segunda-feira, março 06, 2006

Sa Pa

Depois da frustante experiência da mini-van achei que visitar os arredores de Sa Pa (cidade nas montanhas, província de Lao Cai) a pé ou de moto seria muito mais interessante.

Como não me atrevo a conduzir por estas paragens, muito menos motos, decidi ir a pé e já estava preparada para um dia a subir e descer montanhas quando encontrei o Zvi, que me guiou por montes e vales, por estradas de lama à beira de pequenos precipios... pelas "paisagens cinzentas e enevoadas" de Sa Pa.

Aqui ficam as imagens deste dia único!

Mulher Hmong-Negros

Mulher Zhai-Vermelhos

Negociar preços em Lao Chai

Terraços de arroz, o Vietname é o segundo maior exportador de arroz do mundo, depois do Tailândia.

Ban Ho

Queda de Agua em Ban Ho

Gruta perto de Ta Phin

Zvi em Ta Phin

Hora de voltar a casa...